05 set 2013 Eleição

O poder nas mãos de todos

Sua turma forma uma banda de rock. No bar, alguém pergunta qual será o nome. Surgem várias sugestões e opiniões: um quer homenagear o clube de futebol, outro propõe o nome do bairro, e um terceiro prefere algo mais engraçado e criativo. Nomes como Flamenguinho, Coringão, Ronaldos e Bola na Rede são sugeridos, cada um achando que sua ideia é a melhor. Como nenhum nome agradou a todos, a turma ficou dividida. Como resolver a situação? O caminho mais eficaz é a democracia: você apresenta sua sugestão, escuta as dos demais e tenta convencê-los de que sua ideia é a melhor. Depois, decide-se pelo voto. Democracia é isso: discussão, liberdade de opinião, busca de acordo, respeito à vontade da maioria, igualdade de oportunidades, convivência com as diferenças, existência de direitos e deveres, e aceitação das regras do jogo.

Por falar nisso, como os problemas na sua escola são discutidos e resolvidos? Democracia é uma palavra de origem grega que significa “governo do povo”. Na Grécia antiga, nas cidades-estado como Atenas, as decisões de interesse coletivo eram tomadas em praça pública pelo conjunto dos cidadãos. As pessoas mais sábias, instruídas ou influentes discursavam suas ideias, tentando convencer os ouvintes. Ao final, pelo voto da maioria, os cidadãos decidiam sobre leis, comportamentos e medidas referentes à cidade e seus habitantes. Vem dessa época o conceito de democracia como governo do povo, diferenciando-se da monarquia (governo de um monarca) e da aristocracia (governo de poucos).

Hoje, a ideia de cidadania é ampla e o número de pessoas com direito de interferir nas decisões públicas é muito maior. Isso gerou novas formas de participação, típicas da democracia de massa do nosso tempo. A luta por melhores condições de vida e contra as desigualdades levou à progressiva ampliação da arena política, com cada vez mais gente participando da tomada de decisões políticas. Um marco histórico para a retomada dos ideais democráticos gregos foi a Revolução Francesa de 1789, que consagrou os princípios de liberdade, igualdade e fraternidade. Junto com esses princípios, outros foram incorporados à ideia moderna de democracia, como o respeito às leis, a prioridade dos interesses coletivos, a justiça social e a garantia de direitos aos setores menos favorecidos.

Da Grécia Antiga aos dias de hoje, a democracia é um ideal que vem sendo revisto e aperfeiçoado de acordo com as transformações políticas e os valores da sociedade. A maioria decide: essa regra é fundamental numa democracia. O voto da maioria transforma propostas em leis. No regime democrático, a vontade da maioria prevalece, mas convive com a opinião das minorias. Elas têm todo o direito de lutar por seus princípios e interesses, de se organizarem, de se fortalecerem e de fazerem alianças. Por isso, numa democracia, não há lugar para repressão às manifestações do pensamento, discriminação ideológica ou censura. Está escrito na nossa Constituição: somos iguais perante a lei e vivemos numa sociedade pluralista. Mas o que isso significa? Democracia exige liberdade, igualdade e fraternidade, além de direitos sociais, econômicos e políticos mundialmente reconhecidos, graças às conquistas dos movimentos sociais e políticos.

Direito e dever são como o dia e a noite: um não existe sem o outro. Uma lei, por exemplo, é feita para todos e é nosso dever cumpri-la. Preservar o patrimônio público, pagar impostos, acatar as decisões da justiça, respeitar as autoridades, as instituições, as filas, os sinais de trânsito e os horários de silêncio são deveres democráticos. No Brasil, muita coisa ainda não combina com a democracia, como a corrupção e os privilégios.