Metade dos alunos vê escolas públicas como inseguras, aponta MEC

A recente pesquisa divulgada pelo Ministério da Educação (MEC) escancarou uma realidade alarmante: quase metade (48%) dos estudantes do 8º e 9º anos do ensino fundamental da rede pública brasileira não considera a escola um ambiente seguro para estudar e conviver. Realizado entre maio e junho de 2024, o levantamento ouviu mais de 2,3 milhões de adolescentes de escolas municipais e estaduais, trazendo à tona desafios que demandam resposta urgente do Estado.jornalsemanario+1

Dados revelam ambiente preocupante

O estudo, intitulado Relatório Nacional da Escuta das Adolescências nas Escolas, aponta que a percepção de insegurança é acentuada sobretudo nos anos finais do ensino fundamental. Entre alunos dos 6º e 7º anos, o índice já é preocupante — cerca de 36% relataram não ver a escola como local seguro. No entanto, a situação se agrava entre os mais velhos: 48% dos estudantes do 8º e 9º anos compartilham o mesmo sentimento.bancariosbahia+1

Além disso, a confiança nos adultos da escola e o sentimento de acolhimento diminuem conforme o avanço nas séries. Entre os mais jovens (6º e 7º anos), 75% dizem confiar em ao menos um adulto na escola, proporção que cai para 66% nos anos seguintes. O mesmo ocorre com o senso de acolhimento: de 58% para 45%.jornalsemanario+1

Declínio na valorização dos profissionais

Outro dado alarmante é o desgaste nas relações entre alunos e docentes. Apenas 56% dos alunos do 8º e 9º anos consideram que os profissionais respeitam e valorizam os estudantes, contra 71% entre os mais novos. A visão dos próprios alunos sobre o respeito aos professores também piora: só 26% valorizam os docentes nos anos finais, uma queda em relação aos 39% nos anos iniciais do recorte analisado.bancariosbahia+1

O relatório enfatiza que esse distanciamento representa um desafio estrutural para a educação pública, exigindo que o Estado promova ambientes escolares mais acolhedores, com fortalecimento do diálogo e da cultura de respeito mútuo.bancariosbahia

Diagnóstico é crítico para políticaspúblicas

Especialistas ouvidos pelo MEC e parceiros como o Unicef, Itaú Social e Consed destacam que a escuta e valorização dos adolescentes são etapas essenciais para o desenho de políticas públicas efetivas. Contudo, reconhecem que faltou atenção do governo federal aos anos finais do fundamental, cenário que contribuiu para o agravamento da sensação de insegurança nas escolas.jornalsemanario

“A escuta massiva dos adolescentes é inédita e apresenta o que eles realmente esperam”, observa Patrícia Mota Guedes, do Itaú Social. Para ela, o levantamento expõe que os jovens desejam escolas acolhedoras, envolventes e realmente comprometidas com o desenvolvimento humano.jornalsemanario

Resposta do governo: limitada e reativa

Apesar da gravidade dos números, as ações do governo federal têm sido pontuais e vistas como insuficientes por parte da sociedade e de especialistas. Iniciativas como a produção de cartilhas, recomendações e leis endurecendo penas para crimes em ambiente escolar foram recebidas mais como resposta a episódios extremos do que a uma transformação estrutural das condições de convivência nas escolas públicas. Muitas escolas, inclusive, ainda carecem de estratégias sistematizadas para proteção e prevenção da violência escolar.gov+2

A percepção negativa dos próprios adolescentes serve de alerta para que governos priorizem investimentos na criação de ambientes escolares efetivamente seguros, acolhedores e propícios ao aprendizado — e menos para ações que tratem apenas das consequências da violência ou da insegurança já instalada.gov+2

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