Itaipu Binacional: Brasil precisa ampliar a inovação no setor de transição energética


O Brasil tem vasto potencial para inovações em transição energética, como demonstram tecnologias desenvolvidas pela Itaipu Binacional e pelo Itaipu Parquetec, como hidrogênio verde, combustível sustentável de aviação, biogás e biometano. O principal desafio, porém, é como fazer com que projetos-piloto se tornem soluções empregadas em larga escala, para poder frear a elevação da temperatura global e as mudanças climáticas.
Esse foi o principal tema em discussão nesta manhã de sábado (15) durante o evento “Do Potencial à Ação: Soluções Inovadoras para as Matrizes Energéticas”, promovido pela Itaipu no Pavilhão Brasil, da Zona Azul, como parte da programação da COP30 em Belém. O evento contou com a participação do subsecretário de Implementação do Mercado de Carbono do Ministério da Fazenda, Thiago Barral; do diretor de Administração da Itaipu, Iggor Gomes Rocha; dos superintendentes de Energias Renováveis da binacional, Rogério Meneghetti (Brasil) e Pedro Domaniczky (Paraguai); e do presidente do CIBiogás, Felipe Marques.
Barral destacou que o governo do Brasil atuou nos últimos três anos para criar um ambiente propício para projetos inovadores, por meio de políticas públicas e da reformulação de marcos regulatórios que compartilham uma visão estratégica e integrada para o País, tais como a Lei do Combustível do Futuro; Lei do Mercado de Carbono; Lei da Mobilidade Verde; Plano Clima; Novo PAC; e Nova Indústria Brasil.
“Esses marcos legais e regulatórios dão a segurança jurídica para investimentos tão importantes e de longo prazo de maturação”, afirmou Barral. Para ele, o País tem todas as condições de estabelecer um modelo próprio de inovação e desenvolvimento no cenário mundial. “Agora, é necessário haver parcerias entre o setor público, com capital e mecanismos de apoio, com o setor privado, com capital também, para dar essa escala de investimentos que a gente tanto precisa”, acrescentou.
Iggor Gomes Rocha abordou o papel da Itaipu na promoção de inovações para a transição energética. Nesta primeira semana da COP, a empresa apresentou dois de seus mais novos projetos nesse campo: petróleo sintético (que é base para a produção de combustível sustentável de aviação) e um barco movido a hidrogênio verde. Para o diretor, além da questão de dar escala aos projetos, é necessário aumentar os investimentos em pesquisa.
“A Itaipu vai além da obrigação legal das empresas do setor elétrico de investir em P&D. Além disso, parte dos royalties pagos pela empresa também são revertidos para isso. Inovação não é custo nem obrigação, é algo fundamental para as empresas, inclusive para que o País possa reter seus talentos gerando oportunidades para eles”, defendeu.
Pedro Domaniczky acrescentou que, para a Itaipu, a bacia hidrográfica onde a usina está localizada é uma espécie de plataforma de testes de inovações que podem ser replicadas em outros territórios e que a empresa está aberta ao compartilhamento dessas tecnologias, como no desenvolvimento recente da geração fotovoltaica flutuante no reservatório e no uso de resíduos orgânicos para a produção de biogás.
Sobre este último, Felipe Marques defendeu que o Brasil tem todas as condições de assumir a liderança mundial no segmento. O País já é o maior mercado “não-impulsionado” de biogás (perdendo apenas para a Alemanha, que estimula a produção pagando um prêmio para quem produz “energia verde”).
“No Brasil, a gente não tem isso. A geração ocorre apenas com a lógica de mercado de venda de quilowatts. E o que é necessário para a gente ganhar escala e explorar todo o potencial que existe? Primeiramente, uma infraestrutura para poder escoar o produto com maior facilidade, além de um ambiente regulatório mais seguro. Mas estamos no caminho certo”, defendeu.
Foto: Rafa Kondlatsch/Itaipu Binacional