Operação no Rio termina com 64 mortos e reacende debate sobre o colapso da segurança pública


Uma megaoperação policial realizada no Rio de Janeiro resultou em 64 mortes, incluindo 60 suspeitos ligados ao Comando Vermelho e quatro policiais, além de 81 presos e a apreensão de 93 fuzis, marcando o dia 28 de outubro de 2025 como o mais letal da história da repressão ao crime organizado no estado. O episódio, que mobilizou 2.500 agentes e intensificou imagens de “guerra” urbana nos Complexos do Alemão e da Penha, escancarou, mais uma vez, a fragilidade das políticas públicas frente ao avanço do narcotráfico e da criminalidade organizada nas favelas cariocas.bbc+5
Incapacidade dos Governos: Estado de Guerra Permanente
Apesar do aparato montado, com suporte logístico incluindo drones, helicópteros, blindados e demolições, a operação evidencia não apenas a sofisticação do poder bélico das facções, mas também a incapacidade sistêmica — tanto do governo estadual quanto federal — de desmontar o núcleo duro do crime organizado no Rio. Divergências e trocas de acusações entre autoridades federais e estaduais marcaram o pós-operação, revelando uma gravíssima falta de coordenação e planejamento. O Ministério da Justiça alegou ter atendido a todos os pedidos do estado para o uso da Força Nacional, ao passo que o governo fluminense reclamou ausência de apoio federal em momentos críticos. Esse desencontro reforça o diagnóstico de que o Estado brasileiro continua refém de políticas reativas, baseadas em confrontos sangrentos e episódicos, sem atacar as raízes financeiras, sociais e institucionais do tráfico e da corrupção policial — compondo um ciclo vicioso de violência e ineficácia.cnnbrasil+4
Expansão do Comando Vermelho e Inação Estrutural
O fracasso estatal se nota também na expansão do Comando Vermelho, que, alimentado por “dinheiro novo”, inclusive internacional, vem se consolidando como polo nacional do crime. A descentralização de lideranças criminosas acolhidas pelo Rio e a penetração das facções em outras regiões revelam a incapacidade do poder público de impedir a reprodução e o enriquecimento desses grupos mesmo após sucessivas operações de alto custo humano e midiático.gazetadopovo+1
Contraste Internacional: Militarização de Trump e Brasil Visto como Fragilizado
O contraste entre a abordagem brasileira e a política de intervenção externa norte-americana é evidente. O ex-presidente Donald Trump intensificou recentemente operações militares antidrogas na América do Sul, especialmente no Caribe e Venezuela, utilizando inclusive o porta-aviões USS Gerald R. Ford — o maior do mundo — e dezenas de missões de ataque. Tais operações, apesar de controversas e legalmente discutíveis, demonstram um grau de capacidade de projeção e enfrentamento direto ao narcotráfico que o Estado brasileiro está longe de alcançar. A incapacidade crônica do Brasil em controlar suas favelas e rotas do tráfico enfraquece a posição do país frente ao discurso de “guerra ao narcotráfico” norte-americano, alimentando discursos intervencionistas e pressão internacional.cnnbrasil+2
Discurso Presidencial e “Passagem de Pano”
O governo federal, já criticado pela falta de integração com as forças estaduais, viu-se ainda mais pressionado após declaração do presidente Lula, na semana passada, de que “traficantes são vítimas dos usuários de drogas”, numa inversão polêmica de responsabilidades. Lula tentou justificar sua fala mencionando o ciclo de oferta e demanda, mas a repercussão foi negativa e, para muitos atores políticos e parcela expressiva da opinião pública, reforçou a percepção de leniência institucional diante do crime organizado. Mesmo após retratação parcial, o episódio evidenciou a crise discursiva e a hesitação do Executivo em assumir uma agenda clara e eficaz de combate ao narcotráfico, agravando o sentimento de insegurança e descrença social.globo+2youtube
População Refém e Falta de Soluções Reais
Enquanto autoridades trocam acusações e discursos, os moradores das favelas continuam reféns do fogo cruzado, expostos à violência de facções e operações policiais que pouco alteram a dinâmica real do poder nas comunidades. O ciclo de megaoperações seguidas de poucos resultados estruturais fortalece o ceticismo de que o Brasil, e especialmente o Rio de Janeiro, consiga superar sua condição de “Estado paralelo”, onde o crime dita as regras e o Estado apenas reage, de maneira sangrenta, pontual e ineficaz.agenciabrasil.ebc+3
O saldo da megaoperação, nesse contexto, é o de mais uma tragédia anunciada e a reafirmação de um modelo de segurança pública incapaz de garantir paz, justiça e perspectivas de mudança para a maior parte da população carioca.
Assessoria Cidadão Alerta
Referências:
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- https://www.gazetadopovo.com.br/republica/confronto-e-alta-letalidade-eram-inevitaveis-em-operacao-policial-contra-o-comando-vermelho-no-rio/
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- https://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2025/10/28/declaracoes-de-autoridades-sobre-operacao-no-rio-revelam-falta-de-coordenacao-entre-governos-estadual-e-federal-no-combate-ao-crime-organizado.ghtml
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- https://www.cnnbrasil.com.br/internacional/trump-eleva-tensao-com-petro-e-maduro-em-acao-militar-na-america-do-sul/
- https://www.ihu.unisinos.br/659112-acao-militar-dos-eua-contra-venezuela-o-que-pode-acontecer
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- https://www.youtube.com/watch?v=GmKlJ4yAFyI
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- https://www.metropoles.com/colunas/mirelle-pinheiro/guerra-no-rio-apos-mortes-de-agentes-policia-promete-revanche-ao-cv